Titulo: Transmissão interespécies de Edwardsiella ictaluri em três espécies de peixes (Oreochromis niloticus, Pseudoplatystoma corruscans e Clarias gariepinus)
Costa, Arthur Roberto da
2021.
Link Download: https://repositorio.uel.br/bitstreams/04afa08b-84ef-4cbe-8365-44921fbb053f/download
Resumo: A piscicultura Brasileira alcança novos patamares a cada ano, com a tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) como espécie mais produzida, seguida pelos peixes nativos, como o tambaqui (Colossoma macropomum), o pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e o pirarucu (Arapaima gigas). A intensificação da produção, a importação e fuga de espécies exóticas, podem contribuir para o estabelecimento de doenças alóctones no país, como os casos recentes de franciselose e Vírus da necrose infecciosa de baço e rim (ISKNV). Edwardsiella ictaluri é a bactéria responsável por ocasionar a septicemia entérica do bagre do canal (ESC), doença que causa prejuízos de milhões de dólares na indústria do bagre do canal (Ictalurus punctatus) nos Estados Unidos e, recentemente, se tornou um risco para a indústria do panga (Pangasianodon hypophthalmus) na Ásia e para a fauna nativa da Austrália, contudo, pouco se sabe sobre este patógeno na piscicultura nacional. No mês de abril de 2020, uma cepa de Edwardsiella sp. foi isolada causando doença em pintados, em uma piscicultura no noroeste do estado do Paraná. Os animais apresentavam ascite e sinais neurológicos, além de taxa de mortalidade maior que 50%. O objetivo deste trabalho foi confirmar se a bactéria se tratava de uma E. ictaluri e verificar se foi a responsável pela mortalidade dos animais; além de, avaliar se espécies exóticas introduzidas na região podem ter atuado como vetores para a disseminação deste patógeno nas pisciculturas locais. Foi conduzido um experimento de infecção por imersão e inoculação intraperitoneal, com pintados, tilápias do Nilo e bagres Africanos. Quarenta e oito animais de cada espécie foram divididos em seis aquários por espécie, contendo oito animais cada. Em paralelo, um experimento de infecção por coabitação com peixes de outras espécies previamente infectados foi realizado em três aquários contendo quatro peixes de cada espécie. Após o sequenciamento do gene 16S, a bactéria foi classificada como E. ictaluri. Todos os pintados desafiados por via intraperitoneal e imersão vieram a óbito em um período de onze e quinze dias, respectivamente. Houve mortalidade também nas coabitações entre todas as espécies. Os sinais clínicos observados foram compatíveis com os relatados na piscicultura e descritos na literatura como ESC. Nas análises histopatológicas foi possível notar a presença de infiltrado inflamatório, principalmente eosinófilos no cérebro de todas as espécies e no olho de tilápias; o fígado, principalmente dos pintados, apresentou alta depleção de glicogênio, congestão e necrose. A bactéria foi reisolada com sucesso de todas as espécies presentes no experimento, mostrando que mesmo os animais que não vieram a óbito se tornaram carreadores do patógeno. Com isto, comprovamos a suscetibilidade do pintado a E. ictaluri, adicionando-o a lista de espécies que podem ser acometidas por esta bactéria. Mais, demonstramos a capacidade de espécies exóticas invasivas, de atuarem como vetores desta bactéria.