Titulo: Hidratação enteral em vacas: comparação entre administração em fluxo contínuo e em bólus
Campos, Lisandra de Camargo
2023.
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Bovinos doentes frequentemente apresentam desidratação e alterações no equilíbrio eletrolítico e ácido base, sendo necessária a administração de soluções eletrolíticas para restaurar a volemia e corrigir os desequilíbrios presentes. A hidratação enteral em bovinos é realizada mais comumente em bólus (B) por via ororruminal e a administração em fluxo contínuo (FC) por via nasoesofageana é uma alternativa viável. Não há estudos que comparem a eficácia dos dois métodos. Este estudo teve como objetivo comparar a eficiência da hidratação enteral em FC e em B para a correção de desequilíbrios hídrico, eletrolítico e ácido base em vacas. O protocolo de indução a desidratação, que consistiu em jejum hídrico e alimentar de 24 horas associado a duas administrações de furosemida por via intramuscular na dose de 3 mg/kg, foi aplicado duas vezes em 8 vacas sadias com intervalo de uma semana. Em delineamento cross-over, duas modalidades de infusão com a mesma solução eletrolítica enteral foram avaliadas. Volume igual a 12% do peso corporal (PC) foi administrado em FC por via nasoesofageana na taxa de 10 mL/kg/h, durante 12h (0h a 12h), enquanto o volume de 6% do PC foi infundido em B por via ororruminal duas vezes (0h e 6h). Variáveis clínicas, amostras de sangue venoso, de fezes, e a densidade urinária (DU) foram analisadas em -24h, 0h, 6h, 12h e 24h. As variáveis sanguíneas determinadas foram volume globular (VG), proteína plasmática total (PPT), pH, pressão parcial de gás carbônico (pCO2), excesso de bases (BE), concentração de bicarbonato (HCO3-), sódio (Na+), potássio (K+), cloreto (Cl-), glicose e lactato-L. Valores de hiato aniônico (AG), diferenças de íons fortes (SID3), concentração total de ácidos fracos não voláteis (Atot) e variação percentual do volume plasmático (VVP) foram calculados. ANOVA de medidas repetidas foi empregada. O protocolo de indução de desidratação foi eficaz e provocou desidratação moderada, além de alcalose metabólica hipoclorêmica nas duas vezes em que foi aplicado, e os dois métodos de hidratação enteral promoveram resultados parecidos, e foram capazes de corrigir esses desequilíbrios ao término do período de tratamento (12h). A colocação e fixação da sonda nasoesofageana de pequeno calibre para realização do FC foram fáceis. As vacas que receberam a hidratação enteral em FC não apresentaram intolerância aparente, mas para utilização desse método se faz necessário um sistema de infusão apropriado, permanência do animal na baia, e monitoramento do fluxo administrado. O método de hidratação em B é, por outro lado, muito mais prático e fácil de ser realizado na rotina clínica. Pode-se concluir que a hidratação enteral em B é tão eficaz quanto a hidratação em FC para reverter a desidratação e os desiquilíbrios eletrolíticos e ácido base em bovinos adultos e, devido à sua maior rapidez e praticidade, pode ser considerada mais vantajosa.